Maria Fernanda Camargo Rocha
Colégio Mãe de Deus
Ficou em Schwäbisch Hall e cursou o nível B1.1
“Por três semanas, durante o mês de julho deste ano, tive o privilégio de conhecer pessoas e lugares para os quais o adjetivo “maravilhoso” não é suficiente. A viagem mais empolgante e cheia de emoções de minha vida aconteceu após cinco anos aprendendo a língua alemã no Colégio Mãe de Deus, o que ampliou fronteiras e me fez buscar mais sobre a cultura da Alemanha, tornando real o sonho de percorrer uma distância de 10.000 quilômetros para andar pelas cidades cheias de vida e cor, ruas e campos floridos no verão, sob o lindo céu daquele país.
Na ocasião em que recebi a notícia de que era uma das selecionadas e iria para a cidade de Schwäbisch Hall, posso dizer que estava tão extasiada, que simplesmente não conseguia acreditar. Era uma mistura de felicidade, gratidão e uma sensação de que grandes expectativas estavam prestes a se realizar, e até mesmo serem superadas. Parecia algo tão incrível a ponto de ser irreal, mas não era, e estava acontecendo comigo. Ao racionalizar esse contexto, a empolgação só cresceu, e passei então a acompanhar atentamente o calendário, contando os dias que faltavam para embarcar nessa aventura; quando oito de julho finalmente chegou, a alegria não se comportava em apenas um sorriso.
Voei de Londrina para São Paulo, onde encontrei os outros trinta e três brasileiros que iriam dividir comigo esta fantástica jornada. Senti-me imediatamente muito acolhida em meio a todos e, dentre eles, havia alguns integrantes que junto comigo no decorrer da viagem formariam um grupo - o qual sinto honra em fazer parte - cujo laço criado em apenas algumas semanas é semelhante ao de anos de amizade: a “Família de Schwäbisch Hall”, como eu e os outros nove brasileiros que fomos para a mesma cidade nos apelidamos. Eles se tornaram parte dos meus melhores amigos, cada um com seu jeito especial e afetuoso que amo, incríveis costumes, sorrisos, sotaques singulares, piadas imbatíveis e uma animação contagiante.
Os instantes iniciais na Alemanha, bem como o deslumbre pelos detalhes – o pouso, a entrada no país, pessoas conversando em várias línguas no aeroporto de Frankfurt, as placas de orientação e o trajeto na Autobahn - foram muito marcantes. Como imaginei, logo de início as expectativas que trazia comigo facilmente se superaram. Chegando em nossa cidade de estadia, as lindas construções no estilo enxaimel, floreiras nas janelas e crianças brincando nos gramados me recordaram as paisagens descritas nos contos de fadas dos irmãos Grimm. O pensamento de que apenas conseguia assimilar todo aquele contexto ao que imaginava ao ter lido um livro de literatura fantástica me deu uma noção de como tal vivência seria larga, nova e inesquecível.
Conhecer jovens de outros países e me comunicar com eles era o que tinha mais receio em falhar, porém logo no primeiro contato foi como se convivêssemos há tempos; afinal, todos estavam tomados da mesma empolgação e abertos à experiência ali proporcionada. Havia, como algo costumeiro, brasileiros, cazaques, malineses, indianos, bósnios, poloneses, indonésios, guineenses, venezuelanos, franceses, taiwaneses, quirguizes e finlandeses conversando e ensinando novas expressões da língua materna de cada um. Ficamos felizes em perceber a admiração daqueles que não eram brasileiros pelo português, assim como pela música e cultura de nosso país. As amizades que fiz foram conquistas que reconheço muito. Elas abriram portas, pois aprendi mais sobre a diversidade, rompi com imagens estereotipadas e passei a enxergar com interesse a beleza e unicidade de cada país, assim como de seus integrantes que conheci.
Durante as três semanas passadas na Alemanha, fiz o curso do nível B1 e recebi preparação da excelente equipe de professores nas divertidas aulas todas as manhãs e tardes. Elas eram interativas e aconteciam tanto dentro quanto fora de sala de aula. Em algumas das tarefas tínhamos que nos comunicar com os habitantes da cidade: fazíamos perguntas e até mesmo tirávamos fotografias. Reconheci como vencer as barreiras de comunicação é algo libertador, uma vez que conversar em um idioma diferente passa a não ser mais um problema. Aprendi a valorizar, assim, ainda mais a grande oportunidade que o Goethe-Institut oferta por meio do PASCH e o quão importante o alemão é para nos relacionarmos com pessoas do mundo inteiro e para o futuro de muitos estudantes dessa língua, dentre os quais tenho orgulho de estar inclusa.
Os passeios em grupo pela cidade – subindo diversas escadarias e vendo construções datadas do século XIII, experimentando comidas típicas, dando risadas de piadas e situações inesperadas, fazendo compras e tomando sorvete, cantando como um coral “Despacito” e “Shape of you” nas ruas - deixavam os alemães de Schwäbisch Hall sempre animados e, encantados por nossas brincadeiras, interagiam e até juntavam-se a nós. Cada passeio era sempre repleto de energia e agora são ótimas lembranças.
A equipe de Betreuers trouxe ainda mais conhecimento e motivação aos intercambistas. Foram essenciais e algumas das pessoas mais importantes da viagem, pois sem eles não haveria toda a organização e diversão. As atividades que deixavam nossos dias especiais eram variadas e até mesmo desafiadoras. Pudemos jogar boliche, minigolfe, vôlei de praia, futebol, ir ao parque, ao castelo Comburg, fazer teatro, pintar bolsas e camisetas, correr na Sommerrodelbahn, preparar waffles, andar pela Marktplatz, caminhar 13 quilômetros até o Einkorn, praticar slackline, cantar as mais diversas músicas ao som do violão, guerrear com baldes e balões d’água, brincar na chuva e de caça ao tesouro e, diariamente, participar de partidas de tênis de mesa, futebol de mesa e vôlei com direito a torcida organizada e também comemorar nas festas semanais.
Além disso, fizemos excursões para outras quatro cidades: Stuttgart, onde fomos ao museu da Mercedes Benz e à Sommerfest; Heilbronn, para onde fiz minha primeira viagem de trem e visitei o Experimenta Science Center; Mannheim, fazendo um tour pela Universität Mannheim, que me fascinou por ser o local que sonho para realização de um dos meus intuitos futuros, que é estudar na Alemanha e pelo qual pretendo empenhar-me ao máximo; e Nürnberg, assistindo lá uma apresentação com o tema “Star Wars” da Nürnberger Philharmoniker Orchester e conhecendo o Dokumentationszentrum Reichsparteitagsgelände. Enfim, cada dia passado em território alemão foi de pura emoção, diversão e conhecimento. Posso facilmente dizer ter sido a viagem mais inesquecível e produtiva que já realizei.
As despedidas, que nos mantiveram acordados por toda a madrugada do dia vinte e nove de julho foram comoventes mas, acima de tudo, uma troca de lembranças de nossa jornada guardadas com carinho. Esse dia foi com certeza o mais difícil para todos nós, mas ao mesmo tempo repleto de contentamento por termos, além de tudo, estabelecido grandes amizades, as quais desejamos que perdurem infinitamente, mesmo em vista da distância que nos separa. Este é, sem dúvida, um dos principais motivos pelos quais essa jornada me marcou tanto.
Tudo o que vivenciei lá foi único e memorável e sou extremamente grata às professoras Renata, Evelyn e Andréa, que acompanharam meu desenvolvimento durante esses cinco anos de aprendizagem, bem como ao Colégio Mãe de Deus, que foi minha porta de entrada para o alemão.
Agradeço, sobretudo, ao Goethe-Institut por ofertar essa experiência enriquecedora, responsável por me agregar uma bagagem substancial a nível intelectual, cultural e pessoal. Já sinto e tenho certeza de que continuarei com saudades imensuráveis de todos os momentos que vivi neste país tão lindo e único que a Alemanha é, e espero posteriormente voltar para lá visando complementar minha formação acadêmica.
O Jugendkurs tornou o ano de 2017 uma marca perene em minha vida e na de meus amigos que estiveram comigo, e tenho certeza de que continuará marcando positivamente a vida de muitos outros, concretizando sonhos assim como o meu e convertendo-os em memórias especiais e inolvidáveis a jovens do mundo todo."